As trajetórias de vida das pessoas em situação de rua são permeadas por dificuldades, dentre as quais, a fragilidade ou ausência de vínculos sociais pode ser determinante para a ida às ruas.  Uma vez nas ruas, vivenciam diversas dimensões de desamparo, desconforto face às intempéries climáticas, insalubridades, violências e desconfiança dos transeuntes em uma dupla relação de insegurança.  Não existem garantias de um futuro melhor. As lutas pela reconstrução dos sentidos de si no mundo – na posse do terreno onde se produz um lugar, na reconstituição da vida social, na proteção contra os perigos da natureza, na saciedade das necessidades básicas, dentre outras – são cotidianas e permanente objeto de angústia. Ainda assim, dia após dia milhares de pessoas habitam o espaço urbano e criam como podem formas de subsistência, certamente, têm muito para nos ensinar.