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16 de maio - 19h30 às 21h

Local: Depois Bar e Arte; Rua Cônego Januário Barbosa, 123 - Vergueiro

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Quando o turismo promove o desenvolvimento de cidades?

A cidade tem sido o lócus de experiências de turismo há alguns séculos, entretanto, as áreas urbanas eram diferentes das atuais e, por conseguinte, as experiências também. Desde o final do século XX converteu-se em uma das mais importantes práticas de uso do tempo livre, impactando tanto a vida social dos indivíduos, quanto as localidades e suas dinâmicas. As tipologias de turismo ampliaram-se, a complexidade e as questões colocadas para a vida em áreas urbanas vem sendo transformadas e, o espaço urbano, enquanto espaço privilegiado para exercício da cidadania, para o cotidiano delineamento da atmosfera da vida pública, para a expressão do sentido de coletividade, para fruição da diversidade, de tempos em tempos, passa por processos de reelaboração. Valores, princípios e referências mobilizados na conformação da democracia estão novamente em xeque. É sabido que transformações urbanas que potencializam formas de vida e de espaços urbanos saudáveis, também oportunizam contextos de reflexão sobre as diferentes dimensões e multitemporalidades que caracterizam a vida social e o próprio espaço urbano (KARA JOSÈ, 2007; LYNCH, 1975, 2005). Contudo, diferentes intervenções em áreas urbanas associadas ao desenvolvimento turístico, ao longo das últimas décadas, têm sido bastante criticadas, por estimular processos de segregação socioespacial e acentuadas desigualdades, espetacularização e mercantilização do patrimônio, elevada valorização imobiliária e do número de turistas em áreas urbanas, deslocamento de comunidades e impactos negativos sobre suas dinâmicas culturais entre outros. Tendo em vista o aparente consenso público-privado em torno da valorização do turismo e do estímulo para seu incremento nas áreas urbanas, quais indícios há de que o turismo promove o desenvolvimento de cidades?

Maria Helena Mattos Barbosa dos Santos

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Bacharel em Turismo, Mestre em Turismo e Hospitalidade (UNIVALI-Brasil, 2006) e Doutora em Arquitetura e Urbanismo (Universidade de São Paulo-SP, 2015). Docente da Universidade Federal de São Carlos-campus Sorocaba (UFSCar), membro do Departamento Geografia, Turismo e Humanidades (DGTH) e do Centro de Ciências Humanas e Biológicas (CCHB), responsável atualmente pela Coordenação do Bacharelado em Turismo. Experiência de pesquisa em turismo com ênfase nas interfaces com os temas cultura, patrimônio, lazer, cidades, políticas públicas, turismo cultural, turismo urbano, turismo de base comunitária e turismo em situação de (pós-)conflito. Experiência internacional no desenvolvimento de pesquisas no “Grupo de Investigación de Análisis Territorial y Estudios Turísticos” (GRATET), da Universidad Rovira I Virgili (Tarragona, Espanha-2011) e de participação em programa internacional de cooperação no Timor-Leste, como docente da Licenciatura em comércio e Turismo da Universidade Nacional Timor Lorosae (UNTL-2012). Membro do “Peace and Conflict Studies Center”, vinculado à Faculdade de Ciência Política e Social da UNTL.

A produção artesanal de cerveja: novo “chamariz” para o desenvolvimento turístico em cidades?

A fabricação artesanal de cerveja tem sido alvo de crescente interesse nos últimos anos no Brasil. Esta atividade avança em duas frentes: de uma lado há um movimento de produção doméstica, voltada para consumo próprio ou restrito aos familiares e amigos, alternativa à lógica da larga-escala, que une o prazer de apreciar sabores mais diversificados de cervejas com oportunidades de experimentação e aprendizado. O quintal assim transforma-se num universo de possibilidades saborosas, transformando em cervejeiro caseiro quem se aventurar neste caminho. Complementarmente ao avanço da produção caseira experimenta-se também, no Brasil, uma profusão progressiva de nano e micro cervejarias, normalmente voltadas aos consumidores locais, que se expandem em contraposição à pouca diversidade de sabores e estilos ofertados pelas “cervejarias mainstream”, reunidas em oligopólios globais cada vez mais concentrados. Nesse ambiente de profusa transformação cultural, releituras do processo produtivo e de distribuição, da apresentação da bebida e dos rituais de consumo, animam e embalam a diversificação da cultura cervejeira nacional e da expansão do mercado brasileiro para o consumo da cerveja, alinhada, inclusive, com o desenvolvimento do turismo em áreas urbanas. A onda de “gourmetização”, valorização de forma alguma restrita aos segmentos de Alimentos & Bebidas, tem viabilizado a reestruturação da política urbana, econômica e de turismo, balizada por premissas da agenda neoliberal que, se de um lado impulsionam periodicamente o crescimento de diferentes conjuntos de atividades, de outro, aprofundam fraturas no tecido social urbano, fomentando conflitos com grupos sociais que desejam a manutenção de suas formas cotidianas de vida na cidade. Caberá à produção artesanal de cerveja, colocada nos circuitos de consumo gastronômico urbano, sobretudo, o papel de novo “chamariz” para o desenvolvimento turístico em cidades?

José Eduardo de Salles Roselino Júnior

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Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual Paulista (1993), Mestre (1998) e Doutor (2006) em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Campinas. Professor Adjunto vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Economia - PPGEc da Universidade Federal de São Carlos. Tem experiência no desenvolvimento de projetos de pesquisa para instituições como BNDES, Finep, Fapesp, Sociedade SOFTEX, IPEA, CGEE e MCTi. Atua na área de Economia, com ênfase em Economia Industrial e Economia Internacional, principalmente acerca dos seguintes temas: indústria de software, política industrial e tecnológica, economia da tecnologia, internacionalização produtiva e economia do conhecimento.

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